Cuidados em Cena: Atenção Domiciliar ao Paciente, Família e Domicílio
Em 1895, os Irmãos Lumière inauguram uma fase mágica no mundo da arte. O antigo cinematógrafo, responsável pela comoção do público que assistiu à primeira exibição das “imagens em movimento”, dava os primeiros passos ao que hoje nos é familiar: a arte imitando a vida nos mais variados filmes e documentários disponíveis desde então. Seja nas imensas telas de cinema, seja na tranqüilidade do lar, as cenas retratadas ainda nos encantam, nos fazendo refletir e sonhar sobre realidades vividas ou somente sonhadas, sobre problemas enfrentados ou nem ao menos pensados, sobre fatos cotidianos e sobre tramas inimagináveis… Enfim, o cinema, tem o poder de, através da união de tecnologia, movimento e emoção, nos contar uma história que por alguma razão nos toca, seja por simples divertimento, pela comoção que causa, pela reflexão trazida ou pelo medo ou dor que nos faz pensar/sentir e ir construindo nosso conhecimento, alimentando nossa vida. O cuidado, nessa perspectiva é também uma arte. Tanto porque requer técnicas e procedimentos apropriados, quanto por traduzir sentimentos e emoções.
Só cuidamos do que de alguma forma nos é significativo, do que faz sentido e, principalmente, do que nos encanta. Nesse caso, a técnica e a prática cotidianas são somente instrumentos para que o objetivo maior seja alcançado: cuidar do outro o mais adequadamente possível. A técnica pela técnica, a prática pela prática, alienam. A técnica, embasada teoricamente; a prática, refletida, práxis, são o que verdadeiramente produzem movimento e determinam as ações do cuidado efetivo. No domicílio isso é particularmente marcante. Ação e reflexão, técnica e teoria, prática e cientificidade devem estar alinhadas tendo como cenário a residência do paciente e as possibilidades e limites por ela impostos. Paciente, família/cuidador e domicílio são os focos do cuidado em AD. Se o paciente constitui-se como o sujeito para o qual toda ação é focada, seus cuidadores e sua casa são coadjuvantes, demandando ações específicas. Se um filme não se concretiza com somente um ator, a assistência domiciliar também não se realiza de forma apropriada se o enfoque não for extensivo aos demais envolvidos. Entender essa realidade, nela atuar e, construir conhecimento a ser repassado: essa é a grande busca de quem permanece “encantado” pela AD. No olhar de Chaplin: O assunto mais importante do mundo pode ser simplificado ao ponto em que todos possam apreciá-lo e compreendê-lo. Isso é – ou deveria ser – a mais elevada forma de arte. Nesse intuito o CIAD 2010 convida a todos a participarem de uma nova experiência: refletir sobre a AD através do diálogo firmado entre a 7ª arte, a experiência de quem faz do atendimento domiciliar sua prática cotidiana e, as teorias imprescindíveis para que a práxis se efetive. Venha, como expectador/ator, conferir conosco: a arte imita a vida ou a vida imita a arte? |